tempo nas redes sociais

Gigantes da tecnologia apostam em monitoramento de tempo

O tempo é, sem dúvidas, um dos bens mais preciosos da atualidade. Esse é um fator de influência para as escolhas digitais dos usuários. Atualmente, eles, cada vez mais, buscam formas de aproveitar melhor o seu tempo online. Com o objetivo de reter os usuários pelo maior tempo possível, as empresas de tecnologia criaram produtos bastante agradáveis. Entretanto, agora elas começaram a pensar em ferramentas para dar ao usuário um maior controle sobre sua experiência online.

Na última semana, o Facebook e o Instagram implementaram em suas funcionalidades um painel que mostra os minutos e horas gastos no app nos últimos sete dias. Além disso, eles implementaram um lembrete diário que envia um alerta quando é excedido o tempo pré-estabelecido pelo usuário. A nova versão do iOS, que ainda está em fase de testes, vai na mesma onda. Ela permite que o usuário restrinja as notificações durante um período de tempo pré-determinado. Além disso, ele pode acessar um relatório semanal com a média de tempo gasto por aplicativo e por categorias.

Ninguém mais quer perder tempo

Segundo Michel Alcoforado, antropólogo e sócio da consultoria Consumoteca, as novidades refletem uma tendência global de metrificação da vida digital. “Ninguém mais quer perder tempo. As pessoas estão sempre preocupadas se estão tirando algum proveito de todas atividades e tentando quantificar o ‘ROI’ (retorno por investimento) de todas as suas ações digitais. Na indústria de tecnologia, isto fica claro com o crescimento de apps de produtividade”, avalia.

Serviços como Google Tasks, Trello e Evernote também surfam na onda do monitoramento sobre a atividade online.

De acordo com o relatório 2018 Global Digital, realizado pela We Are Social em parceria com a Hootsuite, o usuário brasileiro passa cerca de três horas e meia por dia em redes sociais e nove horas conectado à internet. O usuário médio global, no entanto, costuma passar até seis horas conectado.

Choque cultural

Os millennials, enquanto a primeira geração que passou pela transição digital, são os que mais cobram pelo “ROI” em suas atividades digitais. Segundo Alcoforado, isto acontece porque esta faixa demográfica viu sua produtividade cair drasticamente na última década. “Entramos de cabeça nas redes sociais sem saber direito as consequências que teriam. Agora, quando comparamos o tempo que estes jovens gastavam com a tecnologia quando eram mais novos e o tempo que dedicam agora, entendemos porque eles tendem a se preocupar tanto com os limites desse uso”, disse.

Para a geração Z, entretanto, ele acredita que este tipo de mecanismo de controle sobre a experiência digital pode ser percebido, inclusive, como algo intrusivo. “Este tipo de alerta segue uma lógica millennial de que ainda existe uma certa separação entre trabalho, casa e lazer. Já para a geração Z, este tipo de separação não tem sentido”, justifica.

Segundo um comunicado do Instagram para o site Meio & Mensagem, as novas ferramentas implementadas pela plataforma são um primeiro passo para ajudar as pessoas a encontrar um equilíbrio. “Queremos que o tempo que as pessoas passam no Instagram e no Facebook seja positivo, inspirador e com propósito. Nossa ideia é que essas ferramentas deem às pessoas maior controle sobre a experiência nas plataformas, para que elas possam decidir a melhor maneira de gerenciar seu tempo conectadas”.

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